Mais de 90% dos defensivos agrícolas já estão vendidos ou reservados e indústria não descarta cancelamento das entregas por falta de matéria-prima
A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR) da Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (18), o Requerimento Nº 93/2021, de autoria do deputado federal Jerônimo Goergen (PP-RS), que prevê a realização de audiência pública para discutir o tema “A provável falta de defensivos agrícolas para a próxima safra”. Segundo o parlamentar, os alertas trazidos por especialistas na área e repercutidos na imprensa nacional revelam uma provável falta de defensivos agrícolas para a próxima safra.
Na avaliação de Jerônimo, é preciso mensurar tecnicamente o tamanho do problema e os prognósticos mais pessimistas, que apontam para um “apagão” de insumos no próximo ciclo agrícola. “As informações que dispomos mostram que mais de 90% dos defensivos já estejam comprometidos comercialmente ou provisionados para os produtores rurais. Por outro lado, a indústria não descarta o atraso ou até mesmo o cancelamento das entregas por falta da matéria-prima que vem da China. Precisamos analisar esse cenários e fazer um novo planejamento se necessário”, destacou o parlamentar.
O presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg) admite que o setor tenha dificuldades em alguns produtos, uns mais do que outros. “Fornecedores da China não estão honrando as entregas e há, sim, a preocupação de algumas empresas em não conseguir entregar os produtos aos distribuidores”. Dados recentes de importação desses produtos apontam uma redução de 40% do mesmo volume importado em relação ao ano anterior.
Com a escassez de ofertas, os preços dos produtos triplicaram, onerando ainda mais os produtores rurais, o que pode afetar diretamente a produção de alimentos. O problema não se restringe ao mercado brasileiro. Os produtores norte-americanos também experimentaram falta de insumos durante a safra agrícola daquele país. “Temos um enorme desafio, na medida em que teremos que ampliar a discussão sobre o registro de novos produtos e o ingresso de mais empresas no mercado. Precisamos assegurar que o Brasil mantenha a liderança mundial na produção agrícola”, finalizou Jerônimo.
A secretaria da CAPADR ainda definirá data e horário para a realização da audiência pública. Para discutir o assunto serão convidados representantes dos seguintes órgãos, entidades e empresas: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA); Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA); Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA); Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA); Organização das Cooperativas do Brasil (OCB); Associação Brasileira dos Produtores de Soja (APROSOJA BRASIL); CropLife Brasil; Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (SINDIVEG).