Deputados estaduais, federais, senadores e secretários estaduais lotaram auditório do Ministério da Agricultura em busca de soluções para crise hídrica

A grave crise hídrica que atinge do Rio Grande do Sul produziu uma rara união de forças políticas nesta terça-feira (15), em Brasília. Lideranças de todos os partidos e tendências ideológicas se juntaram na mesma trincheira. Deputados estaduais, federais, senadores e secretários estaduais lotaram o auditório do Ministério da Agricultura para um encontro com o secretário-executivo da pasta, Marcos Montes. O principal desafio é encontrar espaço no orçamento para atender a elevada demanda por recursos para o enfrentamento da estiagem e das fortes chuvas que atingiram os estados do Centro-Sul do Brasil. Pelos cálculos do MAPA, esta conta pode chegar a R$ 2,7 bilhões.
O governo federal trabalha com alguns cenários que envolvem a edição de uma Medida Provisória com a abertura de crédito emergencial para atender os agricultores mais vulneráveis. Também está prevista a apresentação de um Projeto de Lei do Congresso Nacional (PLN) para encontrar uma solução para o rombo de R$ 2,9 bilhões no orçamento dos recursos equalizados, provocado pelo aumento da taxa Selic, situação que forçou o governo a suspender as operações neste segmento. O remanejamento dos recursos dentro dos ministérios é insuficiente para viabilizar a liberação de linhas de crédito com taxas controladas.
Uma das ideias apontadas pela bancada gaúcha é a busca de recursos dentro do orçamento destinado às emendas parlamentares. Como dever de casa, deputados e senadores do Rio Grande do Sul vão trabalhar em bloco para sensibilizar os líderes partidários e os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e Rodrigo Pacheco (DEM-MG), sobre o drama vivido pelos gaúchos. “Talvez o Brasil ainda não conheça a real extensão do nosso problema. Um Estado que depende da agricultura praticamente não terá colheita. Será um ano terrível para todos. Vamos precisar do apoio de todos os brasileiros”, destacou o deputado federal Jerônimo Goergen (PP-RS), um dos principais incentivadores do encontro no Ministério da Agricultura.
O parlamentar acrescenta que será preciso agilidade na tomada de decisões por conta do Executivo e na tramitação legislativa. “Eu temo muito por este tempo da política. Porque precisamos aprovar um PLN que depende de reunião do Congresso e isso só será possível em março, depois do Carnaval. Nossa ação política precisa ser mais intensiva”, cobrou. Outra preocupação do parlamentar diz respeito ao aumento da fatia de participação do crédito privado no financiamento do agronegócio. Ele explica que a falta de grãos que deveriam ser entregues como pagamento dos financiamentos vai provocar graves prejuízos para todos os entes da cadeia, como produtores rurais, cooperativas, cerealistas e tradings. “O que está dentro do Manual do Crédito Rural a gente sabe como proceder. E o que está fora do MCR, quem vai regular essa relação?”, questionou. Jerônimo ainda cobrou medidas de apoio aos pescadores artesanais da Lagoa do Peixe (que enfrentam o drama da seca e do esvaziamento da lagoa) e os do Rio Jacuí (afetados pela proliferação de piranhas).