Distribuidores de insumos agrícolas e veterinários cobram o endurecimento das penas para esta prática criminosa que cresce no meio rural

Andav 2 O aumento da criminalidade no meio rural e nas cidades do interior do Brasil tem provocado mudanças no comportamento de produtores e empresários. Animais, maquinário, insumos agrícolas, nada escapa do radar das quadrilhas especializadas. No caso dos agroquímicos, o interesse se multiplica pelo alto valor de mercado desses produtos, muitas vezes cotados em dólar. Nesta terça-feira (25), uma comitiva de empresários liderada pelo presidente da Associação dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (ANDAV), Salvino Camarotti, esteve na Câmara dos Deputados para cobrar providências sobre a escalada da violência. O dirigente explica que esta prática criminosa produz prejuízos enormes para todos os elos da cadeia. “Prejuízos econômicos para nossas empresas, para o governo quando deixa de arrecadar impostos, prejuízos ao meio ambiente. Porque esses produtos, volto a dizer, abastecem uma indústria pirata, uma indústria criminosa de falsificação de defensivos”, destacou Camarotti.

A ANDAV declarou apoio ao Projeto de Lei 2079/2015, de autoria do deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), que incluiu no rol dos crimes hediondos o roubo, furto, receptação e contrabando de agroquímicos. De acordo com o parlamentar, o aumento das ocorrências policiais nas propriedades rurais envolvendo agroquímicos tem causado preocupação entre o setor produtivo e as penas precisam ser mais rigorosas, já que as organizações criminosas identificam nessa prática uma rentável fonte de financiamento para outras atividades criminosas, como roubo a banco e o tráfico de drogas. “A violência no Brasil é algo que tem assustado todos nós. E no meio rural ela não é diferente. Aliás, a vulnerabilidade do meio rural é maior. Nós já não temos pessoas suficientes para fazer essa segurança. Os efetivos e os investimentos em segurança têm sido reduzidos. Entendemos que uma forma de buscar combater isso é transformar numa pena muito mais séria e maior do que ela tem hoje”, destaca o parlamentar.

A proposta se encontra na última etapa legislativa na Câmara dos Deputados, pronta para votação na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC), onde tem parecer favorável para sua aprovação. Se aprovada, a matéria segue para o Senado. O crime hediondo é um dos atos passíveis de punição que possui tratamento mais severo pela Justiça, assim como crimes de estupro, homicídio, latrocínio e tráfico de drogas. Após condenação, os envolvidos deixam de ter direito ao pagamento de fiança, anistia, graça e indulto. A pena é mais elevada que os crimes comuns e deve ser cumprida inicialmente em regime fechado.