Objetivo do projeto é levar o acesso ao diagnóstico molecular para pacientes do SUS, reduzindo custos e aumentando o controle da doença

pesquisadores med1 Um grupo de pesquisadores ligados à Fundação do Câncer apresentou nesta terça-feira (7), ao ministro da Saúde, Ricardo Barros, uma proposta para criação da Política de Medicina de Precisão no Brasil. De acordo com o diretor do Instituto D´or, Carlos Gil Ferreira, o objetivo do projeto é propiciar o acesso ao diagnóstico molecular para os pacientes atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Um conceito chamado de medicina de precisão, que nada mais é do que usar teste genéticos ou moleculares para identificar o paciente certo, para o remédio certo, na hora certa. Isso é uma tendência da oncologia no mundo. Não só melhora os resultados, aumentando o controle da doença e a qualidade de vida dos pacientes, mas acaba reduzindo o custo, porque você utiliza os medicamentos que são de alto custo para os pacientes corretos”, detalhou o pesquisador. Ferreira acrescenta que as bases para a construção da Política de Medicina de Precisão no Brasil seriam lançadas a partir de um estudo piloto em um hospital credenciado pelo SUS. O trabalho seria feito com um número determinado de pacientes, gerando dados técnicos que possam subsidiar o Ministério da Saúde na implantação dessa modalidade de diagnóstico na rede de atendimento de alta complexidade.

O deputado Jerônimo Goergen (PP-RS) articulou o encontro entre os pesquisadores e o ministro Ricardo Barros, por considerar que o Brasil dispõe de área de pesquisa muito avançada e instituições altamente capazes de desenvolver uma tecnologia nacional para ajudar o governo federal a aplicar uma política mais específica de tratamento para os pacientes. O parlamentar ressalta que o diagnóstico de precisão também pode conter a escalada da judicialização da saúde. “Na questão do câncer, por exemplo, quando não há o medicamento disponível na rede pública, os juízes e promotores acabam obrigando o uso de determinados remédios que, muitas vezes, nem são os mais adequados para aquele tipo de tumor. O que acaba virando um gasto público, coloca em risco a possibilidade de cura do paciente e nós não temos aquilo que é a optimização do recurso. Você até tem a aplicação da Justiça, o acesso ao remédio, mas não ao medicamento certo”, justificou.

pesquisadores med O professor do Instituto de Pesquisas Biomédicas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Dyeison Antonow, também participou da audiência e destacou que a iniciativa de fomentar o diagnóstico molecular reúne várias instituições de renome nacional. “Isso trará muitos benefícios para os pacientes e pode criar as diretrizes de um amplo trabalho de parceria com o governo federal”, apontou. Antonow esclarece que outros países da América Latina já estão investindo em diagnóstico molecular nos seus respectivos sistemas públicos de saúde, área em que o Brasil ainda engatinha. A cobertura de teste molecular é baixíssima, abrangendo menos de 5% da população. Na França, por exemplo, a medicina de precisão atinge cerca de 90% dos cidadãos, com procedimentos realizados de uma forma organizada a um custo compatível com o impacto positivo que gera em termos de saúde para a sociedade.