Petrobrás confirma contrato sem licitação no valor de R$ 650 mil para marcha de sem terra, que acabou com 30 policiais feridos em Brasília

Reportagem do jornal O Estado de São Paulo desta quarta-feira (26), revelou mais um patrocínio de empresa estatal, desta vez a Petrobrás, que fechou um contrato sem licitação, com entidade ligada ao Movimento dos Sem Terra (MST) para evento realizado no 6.º Congresso Nacional do MST. A estatal confirmou ter contribuído com R$ 650 mil. O congresso do movimento culminou com uma tentativa de invasão do Supremo Tribunal Federal (STF) e um quebra-quebra na Praça dos Três Poderes, que deixou 32 feridos, sendo 30 policiais. Autor das denúncias, o deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), acredita que esta nova revelação é ainda mais grave, já que a Petrobrás passa por uma situação econômica delicada e é alvo de denúncias de corrupção. “É mais grave ainda em razão do que vive a Petrobrás, até com possibilidade de CPI aqui na Casa. As contas não fecham, aumentou o déficit da estatal, mas para fazer movimento aqui em Brasília, bater em policial, a Petrobrás financia R$ 650 mil”, criticou o parlamentar.

Com mais esse patrocínio, a fatura do evento do MST pago com dinheiro público chega a R$ 1,6 milhão. Caixa Econômica Federal e o BNDES colaboraram com um total de R$ 550 mil para o evento, por meio de patrocínios para a Associação Brasil Popular (Abrapo). A entidade recebeu os patrocínios para a Mostra Nacional de Cultura Camponesa, atividade que serviu como ponto de encontro para os integrantes do congresso do MST. E o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) desembolsou R$ 448 mil para a montagem da estrutura da Feira Nacional da Reforma Agrária, outra atividade ligada ao Congresso. Para Jerônimo, a movimentação do MST é estratégica e eleitoreira. “O movimento do MST só surge na hora da eleição. O governo enche de dinheiro o movimento, eles viram cabos eleitorais do candidato do PT e depois ficam quatro anos calminhos, dizendo que está tudo bem”, criticou.

Ressarcimento

Por sugestão do deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) pediu ao Ministério Público Federal (MPF) que investigue os patrocínios e peça o ressarcimento aos cofres públicos em caso de irregularidade. O parlamentar também pretende ver aprovado um requerimento para convocar o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, para depor na Comissão de Agricultura da Câmara.