Criação de cargos foi desleal e expôs a Câmara
Deputado Jerônimo Goergen (PP-RS) criticou condução do processo de votação da proposta que criou mais de 14 mil cargos no governo
O deputado federal Jerônimo Goergen (PP-RS) fez duras críticas nesta sexta-feira (3) à criação de mais de 14 mil cargos na administração pública federal, proposta aprovada na madrugada de quinta-feira (2). Para Jerônimo, a forma como a votação foi encaminhada se mostrou desastrosa e inoportuna. “Foi um acordo entre líderes, sem debate com as bancadas, encaminhada de forma simbólica, sem o registro no painel de votação e na calada da noite, onde já havia muita distração por conta do avançado da hora. Na minha opinião, o governo foi desleal com sua base de apoio e expôs desnecessariamente a Câmara dos Deputados”, explicou.
Para Jerônimo, por mais que governo diga que não vai usar os cargos e que se trata apenas de uma autorização, mais cedo ou mais tarde vai nomear os servidores e aumentar as despesas da máquina pública. “Isso é contraditório para um governo que precisa fazer gestão”, argumentou. Quanto ao reajuste aprovado para os servidores do Judiciário, o parlamentar considera que a valorização salarial é um direito de todos os trabalhadores. No entanto, em virtude da grave crise econômica, com mais de onde milhões de desempregados, surge num momento inoportuno. “Foi um acordo de líderes, endossado inclusive pela oposição, que agora joga para a torcida. Isso vai abrir um precedente para que outras categorias também pleiteiem o mesmo”, justificou.
O parlamentar ressaltou ainda que o governo Temer não pode seguir cometendo erros políticos primários. “Não há espaço para este tipo situação, ainda mais depois da demissão de dois ministros. Esperamos que o Senado derrube esse disparate ou que o presidente interino vete a matéria, como prometeu o líder do PMDB”. Jerônimo acrescenta que o setor público precisa estar conectado à realidade da iniciativa privada, que vem demitindo milhares de trabalhadores. “A administração pública federal tem que dar o exemplo, enxugar os gastos. O que temos visto é exatamente o contrário. A pauta-bomba vai explodir no colo de todos os brasileiros se não for desarmada”, finalizou.