Na última década, o Brasil teve pelo menos duas grandes oportunidades de avançar em áreas importantes da economia para deixar um legado de investimentos. Na prática, a Copa de 2014 e as Olimpíadas 2016 serviram como pano de fundo para grandes esquemas criminosos. Estádios e obras superfaturadas, projetos que sequer saíram do papel. Bilhões drenados pelo ralo da corrupção. O Complexo Olímpico do Rio de Janeiro foi abandonado ao sabor do tempo. Alguns dos estádios sequer se sustentam financeiramente. Com tantos exemplos de irregularidades e desperdício, pensei que os gestores públicos tivessem aprendido alguma coisa. Eis que surge uma pandemia mundial que nos atinge em cheio. Mesmo com todas as dificuldades orçamentárias, os governos passaram a canalizar verbas importantes para a criação de novos leitos de UTI, que deveriam receber equipamentos de ponta. O que estamos presenciando é a multiplicações de operações policiais. Nem mesmo uma crise sanitária, econômica, política e social foi capaz de deter prefeitos e governadores mal intencionados, insensíveis às quase 50 mil mortes! Diante disso, apresentei dois projetos de lei: um deles dobra as penas para a falsificação de medicamentos e produtos para fins terapêuticos e o outro transforma em crime hediondo o superfaturamento de equipamentos para saúde, como respiradores e EPIs. Em relação à economia, temos uma outra catástrofe, com a extinção de milhares de empresas e empregos. Hoje, talvez seja fácil dizer que as decisões tomadas não foram as mais acertadas. Alguém ainda tem dúvida de que o Carnaval deveria ter sido cancelado? Depois de 100 dias de políticas de isolamento e distanciamento social, com o fechamento de diversas atividades, imaginávamos que pudesse haver um melhor planejamento para a retomada da economia. Muitas lojas se prepararam para o novo normal, investiram em equipamentos e protocolos de segurança. Tanto esforço para voltar à estaca zero. Por enquanto o que temos é um legado de terra arrasada.