Não é possível se conformar com as sucessivas operações da Polícia Federal e do Ministério Público, que revelaram uma série de esquemas criminosos na área da saúde. Em vários estados e municípios, a história se repete em meio à desesperança da população. Sobrepreço e superfaturamento na compra de equipamentos de proteção individual, respiradores e na construção de hospitais de campanha. Diante dessa escalada criminosa de maus empresários e agentes públicos, apresentei dois projetos para enquadrar seus autores na legislação do crime hediondo, com penas de até 30 anos de cadeia. Se nossa legislação permitisse, essa penalidade poderia ser ainda maior e mais rígida. Mas temos que trabalhar com as diretrizes do nosso Código Penal. Da última vez que escrevi sobre o assunto, o Brasil se aproximava dos 50 mil óbitos pela Covid-19. Isso foi no dia 22 de junho. Pouco mais de um mês depois já contabilizamos quase 100 mil mortos. Muitos deles poderiam ser salvos não fossem as caixas, as malas e as sacolas de dinheiro roubadas da saúde de todos os brasileiros. Aqui, cabe uma cobrança muito contundente ao Congresso Nacional. Câmara dos Deputados e Senado Federal assistem de braços cruzados ao avanço da nossa eterna pandemia: a corrupção. Já votamos e aprovamos uma série de medidas de apoio à população e à economia como um todo, mas nesse ponto há uma omissão inexplicável. Que façamos uma compilação das propostas em tramitação, aquelas que versam sobre o aumento das penalidades para estas práticas abomináveis, e as coloquemos para votar urgentemente. Há poucos dias aprovamos o novo Fundeb, garantindo a aplicação progressiva de percentuais importantes para a educação. Uma semana depois, os órgãos de investigação batem à porta do governador do Piauí e sua esposa por conta de um esquema envolvendo o desvio de R$ 50 milhões do transporte escolar. A educação é mais uma área que sangra. Ou seja, se a sociedade não reagir, estaremos condenando nosso povo à morte e à ignorância.