Pilotos e comissários de voo alertam para risco de desemprego e perda da soberania nacional ao permitir a operação de aéreas estrangeiras

O presidente da Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia (CINDRA), deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), se reuniu nesta terça-feira (18) com representantes do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA). A categoria reivindica assento nas negociações entre o governo brasileiro e a União Europeia (UE) para a abertura do espaço aéreo brasileiro à operação de companhias aéreas internacionais, processo batizado de “céus abertos”. O vice-presidente do SNA, Adriano Castanho, alerta que a liberalização apressada pode provocar efeitos negativos para o setor aéreo nacional. “Não sabemos os termos da negociação, tampouco obtivemos qualquer informação do governo. Nossa preocupação é com a manutenção dos empregos dos trabalhadores, com a garantia da soberania nacional e a segurança de voo”, argumentou o dirigente.

Jerônimo e os dirigentes do SNA também trataram do assunto no Itamaraty, junto ao gabinete do diretor do Departamento de Negociações Internacionais (DNI), ministro Ronaldo Costa Filho. O diplomata ouviu com atenção os argumentos dos aeronautas e descartou a conclusão das negociações sobre a abertura dos céus para o dia 24 de fevereiro, durante viagem oficial da presidente Dilma Rousseff à Bélgica. Para Jerônimo, a notícia é positiva no sentido de garantir mais tempo de mobilização e convencimento. “Há um risco sim, a gente terá empresas de fora do Brasil utilizando nosso sistema aeroviário, com objetivo meramente mercantil, sem nenhum compromisso da própria segurança nacional. E, especialmente o piloto, que será prejudicado no aspecto do emprego”, destacou.

Jerônimo disse ainda que o governo demonstra um completo descaso com a aviação comercial ao tratar pilotos e comissários como utensílios e não como o insumo principal. O parlamentar disse que o próximo passo é fazer com que o alerta dos aeronautas chegue aos ouvidos da presidente Dilma Rousseff. Os dirigentes do SNA também falaram sobre o assunto com o presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves, e com diretores técnicos da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).