O avanço da produção agrícola brasileira nos últimos anos chamou a atenção do mundo. O Brasil passou a ser considerado um dos principais atores do agronegócio e se impôs como um concorrente de respeito, atraindo para si mercados consumidores importantes. Com tantos olhos voltados para cá fica claro que tiramos muitos países da zona de conforto. E as reações não tardaram a aparecer, ainda mais quando mudamos a correlação de forças políticas após mais de uma década de governos de esquerda. Creio que o nosso maior desafio, neste momento, não seja o tão propalado Custo Brasil. Agora, precisamos nos capacitar para outro tipo de guerra: a da informação. Aos olhos do mundo somos uma nação que não cuida de suas florestas e do meio ambiente. Mas sabemos que nossos produtores conciliam produtividade e sustentabilidade na atividade agrícola. Escolhemos ampliar a produtividade promovendo sustentabilidade, porque temos uma das legislações ambientais mais rígidas do mundo, que é o Código Florestal. Então, precisamos saber comunicar ao mundo que produzimos alimentos de altíssima qualidade com sustentabilidade. As barreiras comerciais que querem nos impor nascem da antipatia ideológica e não baseada em fatos reais. Portanto, precisamos montar uma estratégia de comunicação para dizer ao mundo que o alimento que sai do campo para a mesa do consumidor tem qualidade, tecnologia e muita segurança. E que respeitamos os aspectos ambientais, sociais e trabalhistas. Agora, não podemos admitir que pessoas leigas nos temas do agro, mas que desempenham papel de destaque na formação da opinião pública (artistas, jornalistas, ativistas) desandem a falar besteira aos quatro cantos, como é o caso dos defensivos agrícolas. Dizer que o produtor está envenenando a população é de uma sordidez sem fim. Mais uma vez precisamos nos comunicar bem com a sociedade e com o mundo. O agricultor brasileiro é extremamente competente e sabe o que faz. Precisamos deixar as ideologias de lado e pensarmos na abertura de novos mercados, sejam eles em Israel, no mundo árabe, na União Europeia, Estados Unidos ou China. A recente crise comercial aberta com o episódio das queimadas na Amazônia deve servir de alerta para os nossos próximos enfrentamentos. Tem muitos países querendo queimar o nosso filme perante os compradores internacionais. Sem esquecer, obviamente, de fazer o dever de casa, protegendo as áreas de preservação e coibindo os abusos de criminosos. O meio ambiente não tem ideologia e nem partido político. É um interesse de todos nós. Devemos deixar de ser inimigos de nós mesmos, fazendo um debate equivocado e errado aqui dentro do Brasil, chamando a atenção do mundo de uma maneira negativa.