Limitação de compra da moeda estrangeira imposta pelo governo argentino impede o fechamento de negócios entre empresários dos dois países

A recente decisão do governo argentino em limitar as aquisições de dólar para seus cidadãos e suas empresas repercutiu diretamente na economia brasileira. Impossibilitados em adquirir a moeda norte-americana, o empresariado instalado na Argentina ficou sem condições de fechar os contratos para a aquisição de produtos nacionais. O problema cambial argentino já chegou à Comil Ônibus S/A, empresa especializada na fabricação de carrocerias. De acordo com o presidente do conselho de administração da Comil, Deoclécio Corradi, cerca de 40 unidades estão retidas no pátio da companhia. “O produto está pronto, foi encomendado e não podemos enviar para a Argentina porque eles não têm mais disponibilidade de dólares para fazer o pagamento. Isso é custo, é capital de giro, é prejuízo, é o travamento do Mercosul”, explicou Corradi. O empresário garante que empresas de outros segmentos se encontram na mesma situação.

Alertado sobre o problema, o presidente da Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia, deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), cobrou uma rápida solução para o impasse e lamentou mais um revés no âmbito do Mercosul. “Na verdade, a Argentina vive uma crise sem precedentes, que agora começa a afetar a economia dos países vizinhos”, lamentou. O parlamentar também revelou a preocupação dos empresários do setor moveleiro em relação ao quadro econômico vivido pela Venezuela. “A indústria já vinha sofrendo uma penalização de não receber pelos móveis que está exportando. Os produtos foram e o empresário não foi pago”, destacou. Tão logo soube dos reflexos da crise cambial argentina e venezuelana, Jerônimo solicitou uma audiência como o novo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Mauro Borges.