O dia 11 de agosto se comemora o Dia dos Estudantes. Não há como lembrar dessa sem fazer uma longa reflexão de como as crianças e jovens de todo o Brasil estão vivendo neste momento, junto com seus pais ou responsáveis. A pandemia nos tirou qualquer previsibilidade quanto ao presente ou o futuro imediato. As aulas presenciais em toda a rede pública e particular, do maternal ao ensino superior, foram suspensas ainda em março. Obviamente que o prejuízo é irreversível sob o ponto de vista do aprendizado, muitos acreditam que seja um ano perdido em relação ao calendário letivo. Se muitos segmentos se adaptaram rapidamente ao trabalho remoto, o mesmo não pode ser dito em relação à educação. As escolas particulares ainda conseguiram estabelecer rotinas educacionais com ferramentas de ensino à distância. No entanto, o fosso que separa a rede privada da escola pública se abriu ainda mais neste ano. Poucos estados conseguiram atender essa demanda virtual, a imensa maioria demorou demais para colocar em prática seus projetos. Muitas barreiras apareceram pela frente: a falta de equipamentos e rede de internet rápida nas casas desses estudantes são a parte mais visível. E a falta de prática dos próprios pais para lidar com o aprendizado de seus filhos também é um empecilho ao bom desempenho. O abandono e a evasão escolar ainda precisam ser medidos, mas teremos reflexos nessa direção. Há de se considerar ainda que a escola pública funcionava como um reforço na questão alimentar. A perda de emprego e renda provocada pela crise econômica é outro drama que se reflete diretamente nos núcleos familiares, com interferência direta no setor educacional como um todo. Sem trabalho, os pais não tiveram outra saída a não ser retirar seus filhos da rede privada. Abre-se um limbo nesse aspecto: o aluno simplesmente deixou de estudar. Para aqueles que estão concluindo o Ensino Médio e se preparando para o ENEM, o desafio só aumenta. Mas nenhum prejuízo será maior do que um retorno presencial sem segurança para nossos filhos. Os tais protocolos de segurança, com distanciamento e sem aglomeração, simplesmente não funcionam para certas idades. O contato, o abraço, o toque, são inerentes à infância e à adolescência. Sem falar na adaptação de todos os espaços e a implantação de estruturas de aferição de temperatura e higienização. Uma coisa é um restaurante com mesas colocadas a uma distância de dois metros. Numa sala de aula isso não funciona. Ainda há o transporte escolar, onde os estudantes costumam fazer aquela festa enquanto se deslocam para casa ou para a escola. Quem conhece a realidade educacional brasileira sabe muito bem que temos realidades completamente diferentes. Se será ou não um ano letivo perdido, isso talvez não importe quando o que está em jogo são vidas: de alunos, professores, pais e todos os trabalhadores da rede de ensino.

Jerônimo Goergen – Deputado Federal (Progressistas-RS)
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