Acampados há 21 dias no Salão Verde, ex-funcionários de companhias aéreas cobram solução para impasse que pode suspender pagamento de benefícios

Representantes de aposentados e pensionistas do Instituto Aerus seguem acampados no Salão Verde da Câmara em busca de um acordo que garanta o pagamento da previdência complementar da categoria. A mobilização chegou ao 21º dia nesta quarta-feira (2). Formado por trabalhadores das extintas companhias aéreas Varig, Cruzeiro, Transbrasil e Rio Sul, o grupo cobra uma solução para o impasse no pagamento dos benefícios para os quais contribuíram durante o período em que estiveram na ativa. Se nada for feito, o repasse será interrompido já no próximo mês pela total falta de condições para suprir o custo de uma folha anual de aproximadamente R$ 35 milhões.

Usando balões e bonecos de pano, os trabalhadores promoveram a malhação da presidente Dilma Rousseff, apontada como a principal responsável pela situação dramática vivida pelos aposentados. A representante da Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação Civil (Fentac), Graziela Baggio, explica que a situação já poderia ter sido resolvida se o governo cumprisse a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que no último dia 12 de março condenou a União a pagar indenização à Varig por conta das perdas decorrentes da inflação, acumuladas durante a política tarifária adotada pelo governo entre 1986 e 1991. “Estamos em busca de um acordo que prevê o pagamento da folha desse fundo de pensão para retomarmos a dignidade dos mais de 10 mil aposentados. Nós queremos salvar vidas e, pelo que me parece, o governo está tentando matar mais gente para não ter que nos pagar”, criticou Graziela.

Segundo dados da categoria, 964 aeronautas morreram durante o trâmite judicial do processo, quatro deles somente durante o tempo em que estão acampados no Congresso. Representante das causas dos aeronautas no Congresso, o deputado Jerônimo Goergen (PP-RS) criticou o descaso do governo em relação ao problema vivido pela categoria. “É lamentável o que estão fazendo com essas pessoas, especialmente pela história que eles construíram no Brasil. Foram pessoas que ajudaram a fazer o progresso da nossa aviação e, além de tudo, têm um direito garantido. E estão aqui a acampados sem nenhuma condição de alimentação, higiene ou conforto”, denunciou. Jerônimo cobrou do governo o imediato cumprimento da decisão judicial para garantir o pagamento dos benefícios e disse que pretende aumentar a pressão para que a categoria seja recebida no Palácio do Planalto.