Disputa tem como pano de fundo o arrendamento de terras e poder econômico
A mais recente operação policial deflagrada na localidade de Água Santa, no norte do Rio Grande do Sul, revelou uma disputa por dinheiro e poder no interior da reserva indígena caigangue de 600 hectares, onde vivem cerca de 500 indígenas. A investigação conduzida pela Polícia Federal revelou que um dos motivos principais da discórdia é o arrendamento de terras, que traz ganhos econômicos para apenas um grupo em detrimento de toda a comunidade.
Na avaliação do deputado Jerônimo Goergen (Progressistas-RS), a situação não é nova e reacende o debate sobre a necessidade de regularização da exploração comercial sustentável dentro das reservas indígenas. “Do jeito que está você está criando os índios ricos e os índios pobres. Os lucros do arrendamento ficam nas mãos de poucos e isso gera uma distorção social. Se você legalizar a produção agrícola e outras atividades econômica, como o próprio garimpo, vai proporcionar renda para todos”, argumentou o parlamentar.
O deputado acrescenta que a regulamentação das atividades comerciais geraria autossuficiência financeira dentro das reservas, acabando com o assistencialismo e o uso de recursos públicos. “A proposta que começamos discutir há alguns anos atrás é que o arrendatário destine 20% da colheita para a tribo. E os recursos vão para um fundo que vai financiar o treinamento para que os próprios indígenas cultivem as terras. Ao final de 5 anos, com o valor de uma colheita inteira, a atividade passa inteiramente para o controle da tribo”, explicou Jerônimo. O parlamentar lamentou que a ideia acabou sendo engavetada dentro da Funai.