Por Deputado Federal Jerônimo Goergen (PP-RS)
Não tenho nenhum preconceito contra as privatizações. Pelo contrário. Acredito que o Estado deve ter um tamanho adequado para atender às demandas da sociedade. O serviço público de qualidade é fundamental num país como o Brasil, onde a população carece de tudo. Por outro lado, há muitas empresas públicas que geram prejuízo e não dão o resultado esperado. Sem falar no aparelhamento dessas estruturas, utilizadas como moeda de troca no jogo político de apadrinhamento. Temos muitos casos nesta direção, que se mostraram verdadeiras tragédias para a nossa economia. Portanto, a privatização pode trazer muitos benefícios à sociedade, a exemplo do que aconteceu com o setor de telecomunicações. Os mais velhos sabem como era difícil ter uma linha telefônica em casa.
O governo federal agora anuncia um amplo programa de privatizações, com a venda de aproximadamente 60 ativos de controle estatal. Ainda em 2016, outros 34 projetos já haviam sido colocados para negócio com a iniciativa privada. Entre esses novos ativos, destaque para aeroportos, portos, rodovias e até a Casa da Moeda. Volto a dizer: não tenho preconceito algum com privatizações. O que me incomoda é a forma como tudo isso está sendo feito, sem um debate estratégico com o Parlamento. Todos sabem que o governo tem um desafio fiscal enorme para gerenciar, fruto de sucessivas administrações perdulárias e ineficientes. Mas também não observo na atual gestão propostas que ataquem as verdadeiras causas desse descalabro econômico. Então, partimos para as privatizações com a corda no pescoço, no improviso, de olho na meta fiscal. É como um chefe de família endividado. Vende o carro e a casa, ficando a pé e na rua. Antes de se desfazer do patrimônio, é preciso fazer o dever de casa, gastar menos, cobrar os grandes devedores da Previdência, evitar desperdícios e fechar as portas da corrupção. Ou seja, ter gestão.
Agora, resta acompanhar a evolução das propostas desse pacote de privatizações e ver o que realmente será atrativo para o investidor. Acredito que apenas uma parte disso tudo sairá do papel. E que o governo saiba valorizar os ativos que pertencem ao povo brasileiro. Ao final, é importante que os serviços oferecidos tenham qualidade e que o interesse público seja preservado.