Investimentos no curto prazo estão focados na prorrogação antecipada da Malha Sul e na recapacitação de trechos hoje abandonados

Uma videoconferência realizada nesta terça-feira (15) reuniu lideranças políticas e empresariais do Rio Grande do Sul para discutir o plano de investimentos do governo federal na expansão da malha ferroviária. No encontro, o diretor de Transporte Rodoviário do Ministério da Infraestrutura, Ismael Trinks, admitiu que a construção do trecho sul da Ferrovia Norte-Sul não é prioridade para o governo federal. Segundo Trinks, os investimentos no curto prazo estão concentrados na prorrogação antecipada da Malha Sul, com a recuperação de trechos que hoje estão abandonados. A Malha Sul, atualmente controlada pela Rumo, possui 7.223 quilômetros de linhas em bitola métrica, nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Ele acrescentou que o governo trabalha para implantar o instituto da autorização de exploração, legislação mais flexível do que a concessão, a exemplo do que foi feito com o setor de telefonia e que levou a uma drástica redução de custos para a sociedade.


Articulador do encontro ao lado do senador Luis Carlos Heinze (Progressistas-RS), o deputado federal Jerônimo Goergen (Progressistas-RS) ressaltou que a opção do Ministério da Infraestrutura pela recuperação de ramais já existentes não vai diminuir a mobilização e a vontade dos gaúchos em ter uma ligação ferroviária até o Porto de Rio Grande. “São frentes diferentes e uma não exclui a outra. Precisamos conhecer em detalhes o plano de investimentos da Rumo, que é algo muito positivo, mas faremos pressão política pela Norte-Sul, que inclusive já tem seu traçado definido a partir do estudo de viabilidade técnica”, argumentou o parlamentar.
Já o secretário de Desenvolvimento Econômico do Rio Grande do Sul, Edson Brum, disse que não é possível admitir retrocessos envolvendo a Norte-Sul. “Levamos anos discutindo o traçado. Isso é uma questão política. Não podemos deixar esse projeto abandonado. Temos 79 novas indústrias se instalando no Estado e outros tantos projetos para os próximos anos. E não podemos abrir mão disso tudo”, reforçou Brum. Já o senador Heinze afirmou que está trabalhando para pautar no Senado o projeto que pretende destravar R$ 25 bilhões em investimentos na malha ferroviária nacional. O parlamentar também considera importante a recuperação de trechos ociosos, mas enfatizou que levará o assunto da Norte-Sul até o ministro Tarcísio Gomes de Freitas e, se preciso, ao presidente da República, Jair Bolsonaro.

Prorrogação antecipada
A chamada prorrogação antecipada da Malha Sul prevê um contrato aditivo de mais 30 anos do contrato de concessão atual, estabelecendo a obrigatoriedade de investimentos em segurança e aumento da capacidade de cargas. Sem essa antecipação, o programa de investimentos somente começaria a valer a partir de 2027 na hipótese de uma nova concessão. A gerente de planejamento da Rumo, Giane Custódio, disse que esse trabalho está fase de elaboração do caderno de demandas, onde é feito o estudo do volume de cargas na malha sul. “Esse trabalho é extremamente importante. Não é um estudo simples. É um projeto que deve ficar pronto até 2023. Quando fizermos o protocolo do plano de negócios, esse rito será mais célere. E aí teremos investimentos imediatos na recapacitação de vias. Nosso planejamento é voltar a operar em Uruguaiana e São Luiz Gonzaga, regiões que têm um bom volume de cargas”, explicou.