Crédito escasso e juros altos inviabilizaram projetos de construção de novos armazéns

cerealistas Dirigentes da Associação das Empresas Cerealistas do Brasil (ACEBRA) cumpriram agenda em Brasília nesta semana para apresentar as demandas do setor para a Política Agrícola Nacional. Responsável pela comercialização de 40% dos produtos primários de origem vegetal, este segmento empresarial atua de forma estratégica quanto à infraestrutura de armazenagem, guardando a produção de quem não tem armazém próprio. O presidente da entidade, Arney Frasson, explica que os associados elegeram como item número um da pauta de reivindicações a criação de um programa que permita a retomada dos investimentos em estruturas de armazenagem, hoje paralisados pelo crédito escasso e caro. “Paramos de investir porque estamos num ambiente concorrencial em que nós temos basicamente três entes, que são as empresas privadas, as cooperativas e as multinacionais. Para as cooperativas foi mantido uma condição mais competitiva. Já as multinacionais têm fontes externas. E nós não podemos tomar financiamentos a uma taxa de juros que é o dobro da concorrência, para construir o mesmo armazém e concorrer no mesmo mercado”, esclareceu.

O coordenador institucional da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), acompanhou a ACEBRA em audiência com o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller. No encontro, o parlamentar encaminhou a retomada do PSI Cerealista, linha de financiamento cuja taxa de juros era de 3,5% ao ano em 2013. Hoje, a linha disponível é a BNDES Cerealista, com juros fixados em 13% ao ano. “Nós temos falta de armazenagem e temos falta de disponibilidade de recursos e de juros adequados. Armazenagem é infraestrutura, ela consequentemente melhora a renda do nosso produtor brasileiro. Garanta uma melhora também da economia. Estamos apostando que o Ministério da Agricultura faça a adequação do recurso existente para que contemple tanto cooperativa quanto cerealista, porque todo o agronegócio será contemplado”, destacou. De acordo com levantamento da CONAB, o déficit de armazenagem em 2015 era de 53 milhões de toneladas.

Jerônimo também acompanhou a comitiva da ACEBRA em audiência com o deputado Adelmo Leão (PT-MG), relator do Orçamento na área da agricultura. No encontro, Leão ressaltou que há pouca margem de manobra na peça orçamentária para contemplar o pleito das cerealistas.

Trigo

Está previsto para esta quinta-feira (24) a edição da portaria que prevê o aporte de pelo menos R$ 150 milhões para garantir o escoamento da safra de trigo através da equalização de recursos do Prêmio de Escoamento de Produto (PEP) e do Prêmio de Equalização Pago ao Produtor (PEPRO). Os mecanismos vão ajudar na comercialização do cereal brasileiro, regulando os preços no mercado interno. Com excesso de grão no mercado internacional, principalmente na Argentina, a medida deve evitar que o triticultor acumule prejuízos na hora de vender sua produção.