Todos os dias somos bombardeados com notícias sobre o péssimo serviço prestado à população em áreas como saúde, educação, segurança e transporte público. O cidadão que fica doente corre o risco de ser assaltado no coletivo abarrotado até o hospital superlotado. E não vê condições de mudar a vida do seu filho na escola pública, sempre às voltas com ocupações, greves e falta de professores. O improviso tomou conta da administração.

A raiz de todos os problemas é a completa falta de capacidade do Estado em gerenciar os setores vitais para o bom funcionamento do tecido social. Não há dinheiro para nada. Melhor dizendo, só há recursos para amortizar uma dívida que vai consumir gerações de gaúchos até ser liquidada. Dívida esta que, ao meu ver, já foi paga por diversas vezes, mas que insiste em ser cobrada religiosamente todos os meses. Na Câmara dos Deputados, fui o autor do pedido de auditoria dessa dívida junto ao Tribunal de Contas da União (TCU). Por força contratual, o TCU considera que a metodologia utilizada nos cálculos, registros e lançamentos está compatível com a legislação correspondente. O que não está compatível é a completa falta de reação diante da falência econômica e moral que estamos condenados se continuarmos seguindo a matemática financeira.

O povo clama pela melhoria nas condições de existência. Mas os cofres estão vazios e só vemos medidas paliativas sendo tomadas, como o recente acordo entre os governadores e o presidente Michel Temer, que joga o problema para frente. Um fôlego, sem dúvida, mas por pouco tempo. Logo, logo, o ar faltará novamente. O que farão os estados sem um novo tubo mágico de oxigênio? No caso do Rio Grande do Sul já se fala em vender estatais como CEEE ou Sulgás para equilibrar as contas públicas. Não sou contra a privatização dessas empresas. No entanto, defendo que a venda do patrimônio dos gaúchos seja usada para abater tudo o que resta da dívida. Não concordo com uma proposta de renegociação que envolva o recálculo da dívida, onde seguimos pagando parcelas de uma dívida recalculada.

A proposta ideal seria o Estado substituir a amortização da dívida com a União com investimentos diretos na construção de escolas, hospitais e estradas, por exemplo, no valor equivalente ao devido. Já passou da hora de reagir.